Daniela Minello

As janelas da minha vida

Leve é aquele que leva uma vida livre.

Já era tarde. Meus filhos já dormiam. Estava estendendo as últimas roupas lavadas naquela noite, quando fui até a janela da sacada para fechar os vidros.

Ao olhar para o céu estrelado e para a lua, que em sua formosidade, me convidava para contemplá-la, parei por alguns instantes e me permiti ali ficar.

Não lembro de alguma vez ter sido convidada pela lua e pelas estrelas para pausar e apenas senti-las.

Fui tomada por uma amplitude dos meus sentidos, que promoveram em mim, uma imensa paz.

Naquele momento, senti o cheiro que a paz possui. A paz para mim, tinha cor e nuances de um desacelerar do tempo.

Ela se apresentava nas tonalidades de um azul claro. Seu cheiro remetia as minhas memórias de infância, quando a primavera em sua completude, misturava aromas de flores.

A textura da paz era leve e aerada, como se o oxigênio adentrasse promovendo bolhas que a faziam flutuar.

Senti que meu corpo estava vivendo aquele momento como se fosse um convite para acreditar  que tudo estava tomando um rumo de tranquilidade.

Me permiti a aceitar e a fazer parte daquela cena em que eu contemplava e era observada.

Resisti ao tempo para fechar os vidros. Fui tomada por uma energia indescritível que me deslocou de um passado, que até então era presente, para poder viver um presente, que também viverá num futuro.

Era o meu presente aceitando o que passou e crendo no que virá.

Fui conduzida a sentir a força que habita em nós quando nos permitimos viver em plenitude os nossos tempos.

Naquela noite, ao fechar os vidros daquela janela, tive a experiência de aceitar os tempos da minha existência.

Estes tempos foram, são e serão necessários para que eu possa me conhecer cava vez mais, tendo consciência do que sou capaz e de tudo o que ainda tenho a aprender.

Com ações simples da minha vida, em que me permito perceber o que está a minha volta, sou conduzida a uma consciência que me sinaliza sobre o que estou fazendo com a minha existência.

Tudo o que senti, numa simples ação de demorar a fechar uma janela, mostra um pouco daquilo que muitas vezes precisamos fazer em nossas vidas: permitir que percebamos o tempo também ao invez de apenas tentarmos controlá-lo.

Que as minhas janelas, sejam os elos que me permitam viver a vida em seu tempo, com a intensidade e ritmo que me couberem em cada momento.

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